domingo, 10 de setembro de 2023

Uma volta pela América com o meu "Eu" de 10 anos

Este que vos escreve é nascido em 2001. Algo que indica uma infância fácil relacionada ao clube do coração. Crescer vendo o Internacional empilhando títulos e ganhando clássicos não me ajudou a moldar caráter de torcedor. Todos bem sabemos, que, na verdade, este é moldado nas derrotas.

Essa história começa em 2012. Um Beira-Rio já parcialmente demolido recebeu 28 mil colorados para uma igualdade sem gols entre Inter e Fluminense pela ida das oitavas de final da Copa Libertadores.

O tricolor carioca, que viria a ser campeão brasileiro mais tarde, foi superior num geral. O Inter transpirou muito mas pouco criou. Ainda veio a lamentar a bola na trave de Jô e o pênalti perdido por Dátolo, já no fim. A igualdade deixou a decisão em aberto para a volta, no Engenhão.

Na volta, saímos na frente. Damião! Ainda vivendo resquícios de seu mágico 2011. Porém, o Inter fez daquelas que só o Inter faz. Tomou dois gols iguais. Ainda no primeiro tempo. E o placar assim permaneceu. O Internacional foi eliminado da Libertadores, que pensando bem, jamais conquistaria.

Foi uma noite difícil. Longa. O choro foi copioso. De soluçar e chegar na escola com a cara vermelha, gerando questionamento dos colegas sobre o que havia acontecido - até porque nas minhas jornadas escolares nunca fui brindado com companheiros que levassem o sentimento colorado tão peito adentro. A compreensão externa não acontecia.

Onze anos depois, um pouco mais ou pouco menos lúcido, ainda menos racional e malignamente mais passional, me deparo com um Inter e Fluminense novamente, pela mesma competição, mas agora, valendo uma vaga na final e decidindo em casa.

Talvez de alguma forma, a versão original desse sentimento tenha nascido naquela noite triste de 10/05/12 no RJ. Costumo dizer que nada é mais sincero que o choro pelo futebol. Seja aquele no escuro do quarto 11 anos atrás, seja aquele de alguns dias atrás, quando me deparei com a explosão do Beira-Rio no segundo gol de Enner Valencia contra o Bolívar.

Dentro de alguns dias, o Arthur de quase 22 anos vai levar o de 10 anos para os jogos. Aquele que socou a parede, mordeu o travesseiro de raiva, vai ser o mesmo que vai estar dando a vida com sua voz, seus pulos e gestos que não mudam nada, mas a gente gosta de pensar que isso vai dar força aos 11 jogadores que estão carregando todo o nosso sonho em seus pés.


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