quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Sabores

Uma noite de muito bom futebol no Maracanã marcou o jogo da ida das semifinais da Copa Libertadores da América entre Internacional e Fluminense. Um 2x2 que se configurou como um dos grandes - se não o melhor jogo da temporada da América do Sul.

O Inter foi ao jogo equilibrado. Começou a partida com o mesmo time que deve começar aqui. A escalação que já está na ponta da língua dos Colorados encarou um Fluminense comandado por um louco chamado Fernando Diniz. O comandante tricolor apostou numa escalação super ofensiva, que por um bom tempo, deu certo. Os donos da casa abriram o placar com 10 minutos, afinal.

Mesmo sofrendo um golpe que parecera injusto e com um ambiente péssimo contra, o Internacional teve cabeça no lugar, e apesar de ter sofrido sustos, conseguiu criar situações para empatar o jogo mesmo depois do gol sofrido. A equipe vinha bem até que ganhou uma vantagem enorme: Samuel Xavier cometeu duas faltas de cartão amarelo e acabou expulso.

Assim os comandados de Eduardo Coudet começaram com uma blitz na frente da área dos cariocas e com muita paciência, uma das jogadas terminou com um testaço na bola de Hugo Mallo que parou no fundo das redes de Fábio. Ainda no primeiro tempo, o Colorado empatava a partida.

Um segundo tempo se configurava para o Internacional ir para cima e virar o jogo. E conseguiu, primeiro com Mercado, gol que acabou anulado, mas depois Alan Patrick esbanjando sua qualidade finalmente pôs o Colorado na frente: 1x2 e um resultado que parecia mágico.

Infelizmente acabamos cedendo o gol de empate aos mandantes e voltamos do Rio de Janeiro com uma sensação estranha. Mas quem recusaria o empate depois do primeiro gol de Germán Cano? O Internacional trouxe ao Beira-Rio a igualdade e aqui somos diferentes. É bom lembrar que esse time tem dois meses junto, enquanto o bom adversário tem mais de ano e meio.

Será uma longa semana onde o jogo com o Atlético Mineiro parecerá um estorvo. Copa Libertadores é difícil, é traiçoeira e não dá glória a quem não sabe vivê-la. Vejo um Inter muito mais forte mentalmente que o adversário, um Inter muito qualificado e que jogará em Porto Alegre não com 12 jogadores. Jogará com 22. A torcida é e será um time a mais e fará sua parte. Como sempre digo, times vencedores se fazem com vencedores, seja no grupo, seja nos seus milhões de torcedores. Vamos fazer isso juntos, como sempre fazemos. Pode espernear, pode criticar o time depois de uma boa e digna jornada no Maracanã como se fosse jogar no campo da esquina de casa, pode esbanjar negatividade, pode torcer pelas teses para destilar amargura, mas o Colorado irá superar essa com toda sua gente de bem e terminará pintando a América de Vermelho.

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

Fluminense X INTERNACIONAL - 27/09, 21h30 - Semifinal da Copa Libertadores.

Uma noite para a eternidade - afinal é uma das noites que compõe um caminho épico que termina numa Glória Eterna. Logo mais, o Internacional entra em campo no Maracanã junto de seus milhões de torcedores pela primeira partida da semifinal da Copa Libertadores da América, diante do Fluminense. A bola rola às 21h30.


Muitas dúvidas cercam esse duelo. Dos dois lados. Vamos começar pelo lado que sairá classificado: o vermelho. Eduardo Coudet vem pensando a equipe e estudando o Fluminense desde a vitória por 2-0 diante do Bolívar. No fim de contas, deveremos ter a mesma base de equipe de sempre, mas com a provável entrada de Hugo Mallo. Também é ventilada a possibilidade da entrada de Rômulo, em virtude do tempo de afastamento de Johnny.

O futebol, feliz ou infelizmente, não fica somente nas peças distribuídas num tabuleiro onde cada um desempenhará uma óbvia função. Falamos de estratégias também. E é normal idealizar um Inter que irá ao Maracanã bem aplicado e pensando em vencer o jogo. Um dos méritos de Eduardo Coudet foi ajudar a devolver ao Internacional a sua grandeza no campo de jogo. Portanto, jogaremos de cabeça erguida e com ganas de vencer.

A provável escalação, portanto, tem: Sergio Rochet; Hugo Mallo, Vitão, Gabriel Mercado e Renê; Johnny, Maurício, Charles Aránguiz e Wanderson; Alan Patrick e Enner Valencia. 

Por sua vez, o Fluminense, que persegue seu primeiro título continental, esbanja confiança através de sua torcida e elenco. Acredita-se, em terras cariocas, que há uma justiça divina querendo devolver o título que a LDU conquistou em 2008 diante do tricolor em pleno Maracanã, em sua única aparição internacional em uma história além de centenária.

Orquestrado por um técnico agora selecionável, embora ainda sem qualquer conquista ou momento importante na carreira, o Fluminense chega pela segunda vez numa semifinal de Libertadores. A provável escalação tem: Fábio; Samuel Xavier, Nino, Felipe Melo e Marcelo; André, Alexsander e Ganso; Keno, Arias e Cano.

Também existe a forte possibilidade de John Kennedy começar o jogo, deixando o Fluminense então num 4-2-4. Formação que é criticada pelos torcedores do clube. Fato é que o tricolor fica assim com uma força ofensiva considerável, mas muito exposto defensivamente.

A arbitragem será composta por argentinos: Darío Herrera no apito, auxiliado por Juan Belatti e Diego Bonfá. No VAR, Mauro Vigliano. Darío já apitou os seguintes jogos do Internacional: Bolívar 0x1 Internacional (2023), Nacional 1x1 Internacional (2023) e Internacional 4x1 Colo-Colo (2022).

Pessoal, vamos lá. Internacional foi, é, e sempre será um só com seu torcedor. Pensar grande e torcer é nossa parte enquanto outros 11 e mais alguns quebrados de homens fardados carregam nossa ilusão em suas mãos e pés. Hoje temos a primeira batalha, e semana que vem temos aonde somos muito fortes. É noite grande, é noite que esperamos viver a vida inteira. E vamos juntos superar mais essa.

PARA GANHAR A COPA LIBERTADORES!



domingo, 24 de setembro de 2023

Colorado, você vai ganhar a Libertadores

Se você acreditar com todas as suas forças, nós vamos ganhar a Libertadores.

Se você vier ao estádio com sua Alma Colorada, nós vamos ganhar a Libertadores.

Se você apoiar o time em todos os jogos, nós vamos ganhar a Libertadores.

Se você estiver ao lado do Inter, nós ganharemos a Libertadores.

Se você torcer incondicionalmente, nós vamos ganhar a Libertadores.

Se você ignorar as críticas, nós vamos ganhar a Libertadores.

Se você transformar o Beira-Rio em um verdadeiro caldeirão, nós vamos ganhar a Libertadores.

Venceremos se você torcer, se você jogar junto com o time e, principalmente, se você perceber que chegou sua hora.

Se você acreditar, nós vamos ganhar a Libertadores.


Fernando Carvalho

Presidente do Sport Club Internacional

Texto publicado em anúncio piblicitário no dia 7/2/06








quarta-feira, 20 de setembro de 2023

O chamado.

No vasto universo dos filmes de terror existe uma franquia chamada "O chamado". Um sucesso no início dos anos 2000. As tramas (no plural, porque houveram vários filmes) basicamente narravam mortes de pessoas que recebiam, depois de assistir um vídeo amaldiçoado, uma ligação. Nela o ouvinte era avisado que lhe restavam 7 dias.

Na nossa trama, no nosso universo vermelho com traços infernais, faltam 7 dias. Falar disso sem citar o começo da história desse filme é um tanto vazio. Preciso lembrar vocês que isso começou em Medellín, numa batalha sonolenta que se passou no dia do nosso aniversário. Na garra e na bravura de Lucca, que serviu Alan Patrick, arrancamos um ponto valioso na Colômbia.

Recebemos na rodada seguinte o Metropolitanos. Um jovem franco-atirador venezuelano que tem idade para ser filho da maioria que estão lendo isso. Num Beira-Rio animado pela volta da Libertadores, vencemos com muita doação e dificuldade. O gol no fim de Alemão (Uh!) deu os três pontos para o Colorado.

O Nacional veio nos visitar. O amigo do nosso inimigo também é nosso inimigo. Jogamos muito, criamos inúmeras situações, mas fomos castigados. Os uruguaios acertaram duas bolas na direção do gol. E as duas beijaram as redes.

Na sequência, cruzamos o continente para jogar num estádio enorme e às moscas na Venezuela. Com mais emoções do que o necessário, conseguimos superar o Metropolitanos - um time que merece respeito pela valentia e organização que tentou ter.

Tensão na ida ao Uruguai. Chegamos nas terras charruas sabendo que uma derrota nos deixaria virtualmente eliminados. Saímos na frente, jogamos bem (de novo!) e fomos punidos no fim. Empate amargo que deixou o Internacional com a obrigação de vencer o Independiente Medellín na última rodada.

E a torcida Colorada abraçou o time. Numa quarta chuvosa às 19h, o Beira-Rio foi tomado por quase 40 mil pessoas que empurraram o Internacional a uma vitória regida pela autoridade e segurança, que rendeu um suspiro aliviado e uma noite de sono um pouco mais qualificada para os de vermelho. Classificados para as oitavas!

O sorteio foi cruel. Um River Plate avassalador, de grandes nomes e com um fator casa assustador em números e na prática entrou no nosso caminho. A derrota na Argentina doeu sobretudo pela sensação de que poderíamos ter voltado com ao menos um empate. Mas novamente, uma nação precisou levar no braço o seu melhor amigo.

Com uma festa noticiada no mundo inteiro, as fendas do inferno se abriram na Pe. Cacique e com todos requintes de crueldade, emoção e sacanagem, o Internacional e sua gente conseguiram a remontada diante do ótimo River Plate. Uma atuação fantástica castigada com um gol sofrido no fim que levou a decisão aos pênaltis que pareciam intermináveis era o que precisávamos para lembrarmos da nossa grandeza. Naquela noite, os sonhos mais ambiciosos foram liberados sem que alguém tivesse o direito de taxá-los como loucura.

A sensação boliviana Bolívar era o que vinha a seguir. A altitude assustava. Assusta. Assustará quando voltarmos. Mas bem é verdade que subimos os 3600 metros de La Paz e quem parecia sentir eram os donos da casa. Valencia, na chance que teve, disparou um petardo que até hoje rodopia na rede de Lampe. A vitória chegou a ficar em segundo plano diante da partida excepcional que fizemos.

Na volta, fizemos o que tinha que ser feito. 2x0, festa, shows da torcida, Enner Valencia, Sergio Rochet e dos demais guerreiros que estiveram em campo. Atrás de um dos gols, uma organizada esticou um enorme bandeirão com os dizeres: "A história diz quem somos".

Saber o fim de um filme antes de acabar, ainda mais um tão bom como esse, não tem graça. É necessário desfrutar. Apreciar. Não se trata somente do sonho com uma glória que fica marcada para a eternidade. É mais do que isso: estamos nos lembrando do quão grande somos. E isso era imprescindível. Não existem façanhas sem que alguém se anime a sonhá-las.

Quem viu as fitas da Samara Morgan na franquia que carrega o nome dessa crônica, teve uma morte horrível. Sabendo do seu inevitável e trágico futuro 7 dias antes. É, Fluminense. Faltam 7 dias. 




domingo, 10 de setembro de 2023

Uma volta pela América com o meu "Eu" de 10 anos

Este que vos escreve é nascido em 2001. Algo que indica uma infância fácil relacionada ao clube do coração. Crescer vendo o Internacional empilhando títulos e ganhando clássicos não me ajudou a moldar caráter de torcedor. Todos bem sabemos, que, na verdade, este é moldado nas derrotas.

Essa história começa em 2012. Um Beira-Rio já parcialmente demolido recebeu 28 mil colorados para uma igualdade sem gols entre Inter e Fluminense pela ida das oitavas de final da Copa Libertadores.

O tricolor carioca, que viria a ser campeão brasileiro mais tarde, foi superior num geral. O Inter transpirou muito mas pouco criou. Ainda veio a lamentar a bola na trave de Jô e o pênalti perdido por Dátolo, já no fim. A igualdade deixou a decisão em aberto para a volta, no Engenhão.

Na volta, saímos na frente. Damião! Ainda vivendo resquícios de seu mágico 2011. Porém, o Inter fez daquelas que só o Inter faz. Tomou dois gols iguais. Ainda no primeiro tempo. E o placar assim permaneceu. O Internacional foi eliminado da Libertadores, que pensando bem, jamais conquistaria.

Foi uma noite difícil. Longa. O choro foi copioso. De soluçar e chegar na escola com a cara vermelha, gerando questionamento dos colegas sobre o que havia acontecido - até porque nas minhas jornadas escolares nunca fui brindado com companheiros que levassem o sentimento colorado tão peito adentro. A compreensão externa não acontecia.

Onze anos depois, um pouco mais ou pouco menos lúcido, ainda menos racional e malignamente mais passional, me deparo com um Inter e Fluminense novamente, pela mesma competição, mas agora, valendo uma vaga na final e decidindo em casa.

Talvez de alguma forma, a versão original desse sentimento tenha nascido naquela noite triste de 10/05/12 no RJ. Costumo dizer que nada é mais sincero que o choro pelo futebol. Seja aquele no escuro do quarto 11 anos atrás, seja aquele de alguns dias atrás, quando me deparei com a explosão do Beira-Rio no segundo gol de Enner Valencia contra o Bolívar.

Dentro de alguns dias, o Arthur de quase 22 anos vai levar o de 10 anos para os jogos. Aquele que socou a parede, mordeu o travesseiro de raiva, vai ser o mesmo que vai estar dando a vida com sua voz, seus pulos e gestos que não mudam nada, mas a gente gosta de pensar que isso vai dar força aos 11 jogadores que estão carregando todo o nosso sonho em seus pés.