Autor: Marco
Na década de 1980, alguns dos grandes
roqueiros dos “sixties” entraram em um tipo de “crise dos 40 anos”. Posso
citar, de cabeça, três deles com discos que jamais deveriam ter cometido:
Mick Jagger - She’s the boss
Eric Clapton - Behind the sun
Lou Reed - Mistrial
Enquanto o líder dos Stones soava como
David Bowie, o disco do exímio guitarrista do Cream não só parecia Phil
Collins, como foi o próprio Phil Collins quem produziu o material todo!!! Já
Lou Reed, bem, basta ouvir os primeiros 15 segundos da primeira música para
desistir daquele pastiche que soa como um misto de Devo com Joy Division.
Até consigo entender o que aconteceu:
os caras estouraram nos anos 60, quando ainda tinham 20 e poucos anos, se
tanto. Sobreviveram ao furacão punk rock, à new wave e ao heavy metal, mas
muitos duvidavam que ainda poderiam criar algo interessante. Eram cobrados para
se reinventar, fazer algo mais atual. Para piorar, já não tinham aquele apelo
sexual típico dos jovens, eram coroas com a barriguinha proeminente.
Corta pro Inter. Um ano antes do começo dos Anos 80, nos tornamos o
primeiro tri-campeão brasileiro e o único campeão invicto. Em 2019, completamos
40 anos da façanha, daí a introdução musical do texto, pois há coincidência de
datas e idade.
Com a inauguração do estádio Beira-rio,
em 1969, o Inter estabeleceu sua hegemonia no futebol gaúcho, tornando-se
octacampeão, e no futebol nacional como o primeiro tricampeão. Mas o início da
década de 80 nos jogou em uma crise de meia idade, o futebol se perdeu e
passamos duas décadas no limbo.
Hoje, nosso último título nacional é um
quarentão embolorado, pançudo, careca e de barba branca. Não desperta, nos
jovens, aquela atração típica dos rock stars. Estes, no máximo, escutam dos
tios solteirões algumas histórias dos tempos de glória, e buscam no Youtube
alguns vídeos esmaecidos daqueles tempos gloriosos.
Isso tem que acabar!
O Inter não pode cometer seu “She’s the
boss”!
Não pode chamar um Phil Collins para
dirigir o clube!
O Inter precisa se reencontrar, voltar
a acreditar no seu poderio, voltar a ser temido e respeitado. Reencontrar-se
com sua escola e sua tradição, que nos levou às glórias antigas e recentes:
marcação forte, meio-campo dominador e técnico, pegada e luta do começo ao fim.
Vencedor, na bola e na porrada, se preciso for.
Tem que pregar, na entrada do vestiário
adversário, uma placa com os dizeres: “Ó, vós que entrais, deixai aqui toda a
esperança”. Sim, é o Portão do Inferno! E a mensagem é clara: “o Beira-hell vai
reduzir sua fé, sua coragem e sua esperança a pó! Nada lhe restará, a não ser
sua alma, trêmula e acovardada, que agonizará para sempre no limbo!”.
E, como
trilha sonora, as pobres almas serão obrigadas a escutar a mencionada no começo
desse texto. Não duvide, poucas coisas poderiam ser piores.
She’s the Boss (Mick Jagger):
She’s the Boss (Mick Jagger):
Mistrial (Lou Reed):
See What Love Can Do (Eric Clapton):
PS: se Deus for justo, é para onde irão
toda a Suát de FK, incluindo o inominável e Dom Pífio, aquele. Esqueci alguém?
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