quinta-feira, 11 de abril de 2019

80s, quarentões e outras bobagens (ou: o inferno não é aqui, mas deveria ser)


Autor: Marco  

Na década de 1980, alguns dos grandes roqueiros dos “sixties” entraram em um tipo de “crise dos 40 anos”. Posso citar, de cabeça, três deles com discos que jamais deveriam ter cometido:

Mick Jagger - She’s the boss

Eric Clapton - Behind the sun

Lou Reed - Mistrial


Enquanto o líder dos Stones soava como David Bowie, o disco do exímio guitarrista do Cream não só parecia Phil Collins, como foi o próprio Phil Collins quem produziu o material todo!!! Já Lou Reed, bem, basta ouvir os primeiros 15 segundos da primeira música para desistir daquele pastiche que soa como um misto de Devo com Joy Division.


Até consigo entender o que aconteceu: os caras estouraram nos anos 60, quando ainda tinham 20 e poucos anos, se tanto. Sobreviveram ao furacão punk rock, à new wave e ao heavy metal, mas muitos duvidavam que ainda poderiam criar algo interessante. Eram cobrados para se reinventar, fazer algo mais atual. Para piorar, já não tinham aquele apelo sexual típico dos jovens, eram coroas com a barriguinha proeminente.



Corta pro Inter. Um ano antes do começo dos Anos 80, nos tornamos o primeiro tri-campeão brasileiro e o único campeão invicto. Em 2019, completamos 40 anos da façanha, daí a introdução musical do texto, pois há coincidência de datas e idade.


Com a inauguração do estádio Beira-rio, em 1969, o Inter estabeleceu sua hegemonia no futebol gaúcho, tornando-se octacampeão, e no futebol nacional como o primeiro tricampeão. Mas o início da década de 80 nos jogou em uma crise de meia idade, o futebol se perdeu e passamos duas décadas no limbo.


Hoje, nosso último título nacional é um quarentão embolorado, pançudo, careca e de barba branca. Não desperta, nos jovens, aquela atração típica dos rock stars. Estes, no máximo, escutam dos tios solteirões algumas histórias dos tempos de glória, e buscam no Youtube alguns vídeos esmaecidos daqueles tempos gloriosos.


Isso tem que acabar!

O Inter não pode cometer seu “She’s the boss”!

Não pode chamar um Phil Collins para dirigir o clube!


O Inter precisa se reencontrar, voltar a acreditar no seu poderio, voltar a ser temido e respeitado. Reencontrar-se com sua escola e sua tradição, que nos levou às glórias antigas e recentes: marcação forte, meio-campo dominador e técnico, pegada e luta do começo ao fim. Vencedor, na bola e na porrada, se preciso for.


Tem que pregar, na entrada do vestiário adversário, uma placa com os dizeres: “Ó, vós que entrais, deixai aqui toda a esperança”. Sim, é o Portão do Inferno! E a mensagem é clara: “o Beira-hell vai reduzir sua fé, sua coragem e sua esperança a pó! Nada lhe restará, a não ser sua alma, trêmula e acovardada, que agonizará para sempre no limbo!”.



E, como trilha sonora, as pobres almas serão obrigadas a escutar a mencionada no começo desse texto. Não duvide, poucas coisas poderiam ser piores. 

She’s the Boss (Mick Jagger):



Mistrial (Lou Reed):



See What Love Can Do (Eric Clapton):




PS: se Deus for justo, é para onde irão toda a Suát de FK, incluindo o inominável e Dom Pífio, aquele. Esqueci alguém?


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